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quinta-feira, 10 de maio de 2007

Arqueologia do rock ou porque algumas espécies duram mais tempo que deveriam

Por Suzana F.


Depois da pré-histórica reação paulistana a alguns shows do Festival Fora do Eixo (e apresentações que se ampliaram e se ampliam até hoje) aqui na cidade de ferro, fica a dúvida: por que uma cidade tão contemporânea busca o novo e ao mesmo tempo o repulsa com o velho?
A porta de entrada dessa enorme caverna sempre foi de acesso às novidades que surgiam e ao mesmo tempo fechavam-se as janelas que davam para as garagens de outros estados do país.
Aos poucos foi-se desmistificando as estradas de diversas rotas e encontrando a atitude e o rock por todos os cantos, mas algumas pessoas encontraram bandas “novas” por aqui e fecharam-se em universos particulares de platéias grandes. Entretanto, “bandas novas” não são apenas garotinhos de pouca idade, ou roupas e equipamentos novos no palco. São idéias, arranjos, e musicalidade em propostas autênticas e inovadoras.
Quando se sabe identificar isso, o novo não se torna velho, como as mesmas bandas novas que são preferências de certos públicos durante anos com o mesmo single faixa-título.
São Paulo ainda é um senhor de meia idade, de braços cruzados de frente à TV, criticando com os olhos, e cansado para levantar do sofá e mostrar animação ao que não acredita. Platéias apáticas as vezes esquecem que rock é sinônimo de cheiro de suor, esbarradas e subversidade , e a cidade é condicionada desde sempre a ter pressa com tudo. Se a banda não agrada em 2 minutos, o balcão é o melhor lugar para uma encostada dos acomodados.
Durante muito tempo ser cool era ter olhar blasé, e desprezar tudo que era diferente às franjas, e uniformes noturnos. Essa hipocrisia sem tamanho já passou da hora de cair por terra, e São Paulo deveria aproveitar a acessibilidade que uma metrópole de tal tamanho oferece.
Mas talvez seja muito cedo para aprender o quanto atrasados somos em freqüentarmos sempre os mesmos lugares, para assistir sempre a mesma banda, e para emitir os mesmos gritinhos para aquela musica que toca na pista, sempre. (Salvo as exceções, o quadro antepassado que existe na cidade ainda é esse).
Nada contra o apego a certos comportamentos, mesmo porque o combustível da música é o sentimento, mas acho que o rock , assim como toda a espécie, tem sua vida útil no planeta, para dar espaço a outro tipo de espécie, e assim, remover ossos que atrapalham os arranjos. Sendo assim, o rock nunca irá ser extinguido, a criação de novas espécies fará com que ele seja renovado e perpetuado para todo o sempre. E o que era bom do passado, continuará sendo desenterrado, para o nosso bom saudosismo e influência para as novas gerações.



1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Uooooou! Maravilha de texto, Suzanaaaaaaa! Maravilha! E viva o rock!!! São Paulo é a terra do rock! :))

E aqui em Goiânia a gente tá mudando a história, troncando as fivelas e chapéis de cowboy (sem preconceito) pelo calor dos palcos de rock! Obviamente que respeitando as outras tendências musicais, mas ao mesmo tempo com o orgulho de poder ouvir a cidade se manifestar em movimentos como o Bananada, Goiânia Noise e por aí vai.

Fiquei muito feliz com a inauguração do blog!!! Suamos, hein? E valeu a pena!

Beijão!!!

10 de maio de 2007 às 16:15  

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