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domingo, 10 de junho de 2007


Filho de peixe, ameba é






Por Suzana F.

Quem criou o provérbio original devia estar equivocado, ou então se referia a profissões tradicionais que são bem sucedidas em família, como medicina, direito, engenharia...
Mas sem extremismos, nem tampouco generalizações, já reparou que na música, os filhos de grandes peixes que começam a nadar sempre morrem na praia? Talvez a pressão do grande feito do pai, faz com que eles se empolguem para criar algo à altura e se enforquem em suas barbatanas.
Quando aquela criança de olhos puxados apareceu pela primeira vez nos braços de John Lennon, toda a critica mundial ficou a espera do mesmo dom. Ele supriu as expectativas, ganhando inclusive elogios rasgados sobre o primeiro álbum, com algumas baladas até bem produzidas. Mas basta o vocal de Sean ressoar como uma azeitona presa em sua faringe, e resultar em uma voz fina e irritante que todo o contexto cai por terra.
Em uma das frases da carta de despedida desse mundo, Kurt Cobain diz “Não suporto pensar na Frances tornando-se uma pessoa infeliz, autodestrutiva, uma roqueira da morte, coisas que eu me tornei.” E ele conseguiu que ela tivesse um estilo totalmente oposto do seu. Mas hoje, Kurt deve se revirar na cova com as declarações da menina, que afirma odiar o rock, e que gosta mesmo é de Mariah Carey.
Lisa Marie Presley herdou a beleza do pai, mas o talento ficou lá no topete original. Apesar de ter se casado com Michael Jackson, ela não desagrada tanto como cantora pop, mas não chega aos pés do pai, ao mostrar influencias de Sheryl Crow.
A adolescente rebelde Kelly Ousborne regravou “Papa don’t preach” da Madonna e logo depois foi jogada no limbo aonde os cantores pops sem criatividade vão. Bem ao contrário do seu pai, que surgiu das trevas pelo Black Sabbath e lançou a base do heavy metal com suas letras satânicas.
Aqui no Brasil, alguns anos antes da morte, Elis Regina exibia com orgulho o barrigão que encobria aquele ser que algumas décadas depois tentaria copiar as roupas, a voz, o enredo, e até os trejeitos da mãe no palco: Maria Rita. E ainda assim, afirmar fazer um trabalho diferente de sua mãe, e ser aplaudida por todos como “a revelação da MPB”.
O amigo de Raul Seixas, e grande compositor setentista, Marcelo Nova, gerou alguém que tentou talvez ser tão polemica quanto o pai, mas virou conselheira de como uma garota deve reagir quando o namorado brocha, e duvidas do gênero.
Para evitar outras decepções em família, é melhor não esperar mais nada que consiga chegar à altura do genitor, e apostar em novas e independentes criações, com ou sem laços consangüíneos.