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terça-feira, 11 de setembro de 2007

EXCLUÍDOS DA ACADEMIA DE LETRAS

01 de janeiro de 1999

Carta para mamãe.

Genesis

Tão infeliz foi em meu nascimento que em seguida devorou o próprio útero. Ao amamentar sangrou, do leite fez-se erotismo, da pele fez-se o toque e dos seus lábios escorreguei em direção a luz.

Ó mãe, fez-me perfeito, depositou no fundo do meu estômago a vontade da imoralidade, o destino da família, o bem e o mal, o puro dos puros. Triste fim para Breton, o belo não é um conceito, ele simplesmente é.

Ó mãe, desejou no mínimo que fosse eu um deus, um anjo. Agora o seu anjo perambula de muletas, inveja, alimenta-se com a boca dos outros, necessita voltar ao passado para resgatar as únicas coisas de valor, as suas memórias.

Escrevo essa carta como a primeira do último ano de minha vida, o começo de um fim inusitado. Escrevo para ti esse início, mas também para além de ti, para o mundo. Deixarei uma a uma em local previamente escolhido, contando os meus dias, amores, angustias do nascimento à morte.

Edu R.

Uma carta para todos e para ninguém. (Zaratustra).

Edu R. , morto em 1999. {Cartas Póstumas}
os textos escritos a mão foram deixados pela mãe em um sebo, junto com
a coleção dele de Allan Poe,Fante, Kerouac , Dostoievisk, Álvarez de Azevedo, Neruda e outrens...


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